Como vocês sabem, estou em Ilmenau desde Segunda-Feira à noite, mas como em casa de ferreiro o espeto é de pau, eu não possuo um notebook. Por isso está meio complicado acessar a internet e estou tendo que parasitar as pessoas por aqui. Antes assim do que o contrário, né?
Antes de tudo contarei um pouco sobre a minha viagem. Ao todo peguei 3 aviões e 3 trens, o que me rendeu extamente 24h nesse processo todo. Como eu me inscrevi no programa de fidelidade da TAM, juntei 6000 pontos que poderão ser trocados por uma viagem pra qualquer lugar da América do Sul posteriormente. A conexão no rio foi tranquila e enquanto eu esperava o horário do avião eu ia lendo o "Guia de Conversação" em alemão que eu comprei lá mesmo no aeroporto. No avião havia eu e mais duas pessoas com tickets para o mesmo assento. Resolvido esse conflito, sentei num lugar extremamente privilegiado logo na frente de um bebê chorão que de vez em quando ficava chutando a minha poltrona. Apesar disso, consegui dormir a metade da viagem toda, e quando acordei já estava totalmente sem sono. Sorte minha que a TAM, diferente da TAP, possui uma tela para cada passageiro do avião com filmes, seriados, câmeras do avião, jogos, etc. Quando cheguei já estava em Frankfurt. Fiz amizade com Tarcísio*, um curitibano gente fina que estava indo fazer seu mestrado por lá. Quando entrei no aeroporto já não sabia se estava em um aeroporto ou em um shopping center. Havia de tudo por lá: energético mais barato que água, um tubo de mentos gigante, alguns carros à mostra, e um cartão telefônico de 10 Euros que não funciona.
O terceiro avião foi da Lufthansa. A minha primeira decepção começa aí, pois estava esperando o lanchinho e nada dele vir. Pelo menos pude usar o meu alemão pela primeira vez. "Orangesaft, bitte!", disse eu. E o comissário de bordo me entregou o suco de laranja. Orgulhoso da minha fluência na língua, saí do aeroporto
e fui direto procurar a estação de trem. E lá estava ela. Após um imenso corredor cheguei à estação, comprei meu ticket por 40 Euros, e desci para pegar o trem. Embora a mulher do caixa não falasse inglês, conheci uma garota alemã muito simpática chada Jurema* que me ensinou como eu chegava em Ilmenau de trem. O meu primeiro contato com uma pessoa alemã foi promissor. Viemos boa parte da viagem conversando e só nos despedimos quando foi preciso trocar de trem. Assim continuei a minha solitária viagem rumo a esta cidade de onde vos falo.
Já escuro (aqui está anoitecendo por volta das 20h), fui recebido por Erisberto*, um alemão nada convencional. Ele me convidou para o apartamento dele e me levou até o meu depois. Compramos uma pizza congelada por pouco mais de 1 Euro e comemos. Essa foi a minha primeira noite aqui, sozinho no apartamento, e já fazia planos de sair para conhecer a cidade no dia seguinte.
Dormi que nem um bebê e acordei 11h. Nesse dia fui ao supermercado e comprei algumas coisas necessárias para a sobrevivência, visitei a cidade, comprei um SIM-Karte local pré-pago para meu celular (9 cents por minuto em toda a alemanha), e fui até a casa do Erisberto para um jantar com amigos. Os 4 alemães, uma polonesa e eu ficamos por um bom tempo conversando sem ver o tempo passar. Quando nos demos conta já era quase 1h da manhã e eu precisava dormir para ir ao trabalho no dia seguinte. Assim que cheguei em casa fiz uma ligação para o meu pai que inicialmente era só para testar, mas acabou durando mais que o esperado e fazendo com que eu gastasse os meus 5 Euros de crédito.
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Essa é para aqueles que me disseram que eu tenho cara de Judeu. Ilmenau livre de Nazistas. |
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Instituto onde trabalho |
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Prédio onde estou morando. |
Chegando no Fraunhofer IDMT, lugar onde trabalho, tive de assinar inúmeros papéis, inclusive um que previne a corrupção, no qual eu tive de prometer que não aceitaria presente mais caro que 25 Euros de ninguém. Almocei no bandejão daqui, que é muito bom por sinal, e que se chama Mensa. Quando passei em casa havia um novo colega de apartamento. Epaminondas*, um alemão bem simpático, estava arrumando suas coisas num quarto que possui o dobro do tamanho do meu e uma varanda. Nesse momento eu fiquei muito feliz de ter alguém pra enxer o saco esse mês. Nesse dia também, Erisberto me chamou para a casa de uns amigos dele, na qual a gente jogou o jogo mais chato do mundo. E eu não digo isso porque era em alemão, mas sim porque era realmente muito ruim. Passei a maior parte do tempo ouvindo eles discutirem sobre o jogo e não entendia quase nada.
Hoje fui realmente me apresentar no trabalho, onde conheci o meu chefe e alguns outros trabalhadores do local. O pessoal lá é muito gente boa, e por enquanto não me deram trabalho de verdade para fazer. As minhas tarefas então se resumiram a configurar o Thunderbird, Jabber e responder os meus scraps no Orkut. Pelo menos agora consegui uma gangue para almoçar junto. À tarde fui ao banco abrir a minha conta, e acabei encontrando Epaminondas no caminho. Fomos até uma lanchonete chamada Kebab, onde ele me indicou, segundo ele, o famoso Döner. É uma espécie de sanduíche que eles colocam de tudo e é muito bom e barato (2 Euros). Quando voltei para o apartamento, lembrei que tinha que buscar a mala do Genésio*. Genésio é um cara que conheci por meio do Orkut muito tempo antes de vir pra cá. Tínhamos combinado que ele deixaria a mala dele aqui durante o mês de setembro para poder sair em mochilão e em outubro voltaria para cá para trabalhar assim como eu. O problema foi que ele não avisou o horário que chegaria e nem ligou para Erisberto o buscar na estação de trem. Perdido por aí, Genésio conheceu um grupo de argentinos no caminho, que o trouxeram para meu apartamento. Como eu não estava aqui, o coitado deixou a mala com um cara aleatório e me mandou um email para que eu a buscasse lá. Busquei a mala e neste exato momento estou escrevendo isso tudo através do notebook que ele me emprestou.
O problema é que estou morrendo de fome e vou ali assar uma pizza. Se você acha que voltarei gordo daqui, saiba que estou fazendo exercicíos todos os dias: Abdominal na cama e flexão no chão da sala.
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Essa é pra ninguém reclamar que nao tem nenhuma foto minha aqui. |
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Um abraço à todos!
*Nome fictício para proteger a identidade alheia
**Lugar fictício pelo mesmo motivo acima